domingo, 30 de outubro de 2016

Um Animal Humano

Ao longo dos tempos a questão “Será o Homem um animal?” surgiu na mente de várias pessoas e até hoje não temos uma resposta em concreto. Várias áreas do conhecimento pretenderam encontrar uma solução e propuseram várias teorias sobre este enigma, mas talvez o mais sensato seria nos conformarmos de que o Homem é um ser enigmático e impossível de definir, devido à sua especificidade, por isso o consenso nunca seria encontrado. A religião católica, por exemplo, não considera o Homem um animal, uma vez que alguém que seja crente acredita que o ser humano foi desenhado à imagem de Deus e por isso é um ser divino, criando-se assim uma barreira entre o humano e os restantes animais. Já a ciência (mais especificamente a biologia) define o Homem na sua generalidade como sendo um animal uma vez que quando excluídos todos os contextos culturais, este também se guia através dos seus instintos tal como qualquer outro animal. E o que são esses instintos? Um instinto é uma forma impulsiva de agir que deriva da irracionalidade humana. Uma vez que se pegarmos na história humana ao longo do tempo veremos vários atos de irracionalidade, tais como: guerras, mortes, tortura… (entre muitos outros), podemos considerar que o ser humano tem os seus momentos de racionalidade e de irracionalidade. Podemos encontrar vários tipos de instintos como o de espécie, que é aquele que faz com que queiramos casar e ter filhos, ter uma família que permita não só nos realizarmos mas também dar continuidade à nossa linhagem; o instinto de indivíduo, que surge quando a nossa própria vida está em perigo e que faz com que intuitivamente lutamos por ela; os instintos de morte, que nos impulsionam a matarmos ou a dominarmos; os instintos de vida que nos permitem sobreviver tais como comer (que é a necessidade humana mais básica), o sexo e o amor (que é uma força fundamental da vida). Devido a estes instintos foi necessário criarmos leis em que proibimos aquilo que por vezes as pessoas querem fazer mas que não fazem porque quando analisam essa situação de forma mais lógica, racional e sensata, chegam à conclusão de que é algo errado. Como exemplo destas proibições temos o não matar, não roubar e o dizermos não ao incesto. Podemos concluir, assim, que o Homem apesar de nunca chegar a um consenso acerca do assunto, livre da sua complexidade, é um animal como os outros, tal como nas palavras de Fernando Pessoa: “O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo.”.

Maria Leite nº12

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